
Apostilas, pastas e canetas - parte 1/2
Eu tinha que fazer alguma coisa, pois tinha certeza que aquela brincadeira terminaria em tragédia. Fiquei confuso, minha cabeça não parava de girar e aquelas vozes me dizendo o que fazer, eu não sabia de onde vinham, mas elas estavam ali em algum lugar, na minha mente. Foi então que eu resolvi ir atrás dos calouros para avisá-los. Mas como? Como eu faria isso? Além de trair a confiança do meu melhor amigo, eu estaria a favor de pessoas que eu nem conheço. - preciso tomar um ar - sussurrei para mim mesmo enquanto pensava no que fazer.
E assim o fiz. Aproveitei para dar uma volta no quarteirão, na tentativa de tirar aquela idéia maluca da minha cabeça. Comecei de vagar, pensando numa maneira de “melar” com a brincadeira sem prejudicar ninguém. Passos lentos se tornavam cada vez mais rápidos à medida que eu pensava, mas eu não conseguia achar uma maneira de evitar o desastre. Já estava correndo quando me esbarrei em alguém. Apostilas, pastas e canetas se espalharam pelo chão, tive um Déjà vu.
E eu estava certo, pois já tinha visto aquela cena antes. Era a garota do hospital, a nerd. _Me desculpe – disse eu já me retirando.
_Sem problemas – respondeu, tímida.
Já estava de saída quando pensei melhor. –Você é caloura? –perguntei.
Não sou muito fã dessa expressão, mas sim, eu sou. –disse ela em voz bem baixa. Suas mãos estavam trêmulas e sua cabeça abaixada, escondendo a face entre seus cabelos cacheados, maltratados pela falta de cuidado.
_Me desculpe, não me apresentei. Chamo-me Alex, e você? – perguntei, com medo de parecer um idiota, mas já parecendo.
_ Hannyen. – respondeu apressada e já ia saindo.
_Espere! – eu disse – Não vá à festa hoje, é uma armadilha para os calouros, na verdade será um trote!